Então, eu fiz por alguns
meses fisioterapia respiratória. A fisioterapeuta vinha até em casa e nós
sempre conversávamos, dava para perceber que ela é uma moça religiosa, pois eu
sempre falava da Igreja, da minha fé, do Pai Celestial e ela também. Ela
demonstrou muita fé em suas palavras; um dia eu não sei se foi eu que perguntei
ou se ela naturalmente falou – não lembro – ela disse que uns anos atrás já
tinha sido batizada em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e
estava frequentando, até que infelizmente sua irmãzinha adoeceu e ela que
ficava no hospital com a irmã, com isso não podia ir para a Igreja, mas alguém da
Igreja ligava para ela só para cobrar que ela não estava mais indo à Igreja. Para terminar, ela me
disse que parou de frequentar, que ela e toda a sua família agora eram de outra
religião.
Eu senti tanto por ela. É muito difícil você estar na rotina estressante de um hospital e ao invés de ouvir uma palavra de conforto, receber uma visita, não você ainda tem que suportar ser cobrada. Eu também já ouvi algumas histórias parecidas as que o Elder David A. Bednar fala em seu discurso. Histórias de pessoas que se ofenderam com algo que foi dito ou não dito; com alguma coisa que foi feita ou deixaram de fazer, mas não somos pessoas perfeitas. Como ele nos ensina:
Paulo ensinou aos santos de Éfeso que o Salvador estabeleceu Sua Igreja para “(…) o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Efésios 4:12–13).
Peço que atentem para o uso da palavra “aperfeiçoamento”. Conforme
descrito pelo élder Neal A. Maxwell, a Igreja não é uma “clínica de
repouso bem-equipada para pessoas já aperfeiçoadas”
. Na realidade, a Igreja
é um laboratório de aprendizado e uma oficina na qual adquirimos
experiência ao praticarmos uns com os outros o processo contínuo de
“aperfeiçoar os santos”.
Compreender que a Igreja é um laboratório de aprendizado ajuda a preparar-nos para uma realidade inevitável. De uma forma ou de outra e mais cedo ou mais tarde, alguém na Igreja fará ou dirá algo que poderá ser considerado ofensivo. Um acontecimento desse tipo seguramente se dará com cada um de nós — e com certeza mais de uma vez. Ainda que as pessoas não tenham a intenção de nos insultar ou ofender-nos, pode ser que às vezes ajam de modo irrefletido ou careçam de tato.
Convido-os a aprender e a aplicar os ensinamentos do Salvador sobre as interações e episódios que podem ser interpretados como ofensivos.
“Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo.
Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem (…);
Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?
E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?
Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:43–44; 46–48).
é interessante notar que a admoestação “sede vós pois perfeitos” vem precedida imediatamente de conselhos sobre a forma de agir em resposta a injustiças e ofensas. Está claro que os requisitos rígidos para o aperfeiçoamento dos santos incluem designações que nos põem à prova e nos desafiam. Se uma pessoa disser ou fizer algo que considerarmos ofensivo, nossa primeira obrigação é recusarmo-nos a ofender-nos e depois nos comunicarmos em particular, de modo honesto e direto com a pessoa. Tal atitude é um convite à inspiração do Espírito Santo e permite que os mal-entendidos se esclareçam e que se compreenda a real intenção.
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