Ontem à noite, eu estava procurando nas A Liahonas de
2006, uma mensagem que eu já havia lido, sobre determinado assunto, para saber
como ajudar uma pessoa conhecida que está enfrentando sérias tentações. Eu ainda
não achei a mensagem, mas achei um discurso do Presidente James E. Faust, que
eu estava precisando ler naquele momento, pois ontem eu estava com muita dor e
um pensamento cruzou em minha mente: não bastava só eu ter ficado tetraplégica;
ainda preciso sentir dor? Sabe aquela pergunta que você já sabe a resposta? Eu
sei, eu sinto, mas em um momento de dor parece que as respostas não fazem muito
sentido.
Quando comecei a ler esse discurso, meus olhos não
desgrudaram da tela, gostaria que não acabasse. Sabe aquelas palavras que tocam
bem dentro do coração, como se tivesse sido
falado ou escrito especialmente pra você? Eu entendo que por mais
dolorosas e difíceis que sejam algumas experiências pelas quais passamos aqui
na terra, precisamos vivenciá-las para sermos fortalecidos espiritual e
materialmente. Uma frase dessa mensagem que calou fundo no meu coração foi essa:
‘Foi um privilégio pagar o preço que pagamos para
conhecer melhor a Deus.’
Eu sei que para conhecer Deus como eu conheço hoje, foi
preciso sofrer tudo o que já sofri e ainda hoje passar por situações muito
difíceis, e se esse é o preço que eu preciso pagar, eu o aceito de todo o meu coração!
Purificados por Nossas Provações
Pres. James E. Faust
Esta mensagem é dirigida a todos, mas especialmente
àqueles que sentem que passam por mais provações, tristezas, cardos e espinhos
do que são capazes de suportar e, em suas adversidades, estão quase sendo
tragados pelas águas da amargura. Minha intenção é que esta seja uma mensagem
de esperança, força e libertação.
Há alguns anos, o Presidente David O. McKay (1873–1970)
relatou a experiência de algumas pessoas que integraram a companhia Martin de
Carrinhos-de-Mão. Muitos desses primeiros conversos haviam emigrado da Europa e
eram pobres demais para comprar bois ou cavalos e um carroção. Sua pobreza
obrigou-os a puxar carrinhos-de-mão com todos os seus pertences através das
planícies contando apenas com a própria força física. O Presidente McKay contou
algo que ocorreu anos depois desse êxodo heroico:
Certo professor, à frente de sua classe, disse que foi
insensato tentar e mesmo permitir que [a Companhia Martin de Carrinhos-de-Mão]
atravessasse as planícies naquelas condições.
O Presidente McKay citou então algumas palavras de um
dos que assistiram àquela aula: Ocorreram críticas acirradas à Igreja e a seus
líderes por permitirem que qualquer companhia de conversos se aventurasse a
atravessar as planícies sem suprimentos além do que conseguiram colocar nos
carrinhos-de-mão e somente com a proteção que essa caravana oferecia.
Um senhor idoso a um canto da sala (…) permaneceu
sentado em silêncio o máximo que pôde, então, levantou-se e disse coisas que
nenhum dos que o ouviram jamais esquecerá. Lívido de emoção, ainda assim falou
calma e deliberadamente, mas com grande convicção e sinceridade.
Em suma, [ele] disse: ‘Peço-lhes que parem com essas
críticas. Vocês estão discutindo algo sobre o qual nada sabem. O mero relato de
fatos históricos nada significa aqui, porque eles não trazem em si a
interpretação correta do que estava em questão. Foi um erro enviar a companhia
de carrinhos-de-mão tão tarde naquele ano? Foi. Mas eu estava naquela
companhia, minha esposa estava naquela companhia e a irmã Nellie Unthank, a
quem mencionaram, também. Sofremos mais do que lhes é possível imaginar e
muitos morreram devido à exposição ao frio e à fome, mas alguma vez vocês
ouviram qualquer sobrevivente dessa companhia fazer uma crítica sequer? (…)
Puxei meu carrinho quando estava tão fraco e abatido
pela doença e pela falta de comida, que mal conseguia andar. Eu olhava para
frente e via um trecho de areia ou uma ladeira e dizia a mim mesmo: Só vou
conseguir chegar até ali e então vou desistir, porque não conseguirei passar dali
puxando esta carga.
Ele prosseguiu: Eu chegava até a areia e aí o
carrinho começava a me empurrar. Olhei para trás muitas vezes para ver quem é
que empurrava meu carrinho, mas meus olhos não viam ninguém. Naqueles momentos
eu sabia que os anjos de Deus estavam ali.
Se me arrependi de ter resolvido vir com o
carrinho-de-mão? Não. Nem naquela época nem em instante algum da minha vida.
Foi um privilégio pagar o preço que pagamos para conhecer melhor a Deus e sou
grato pelo privilégio que tive de fazer parte da Companhia Martin de
Carrinhos-de-Mão.
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